Jogos de recompensas online – A Banca Sempre Vence!
Se é aquela pessoa que ao ver um jogo de recompensas, pensa: olha aí a minha salvação para ganhar um dinheiro extra que estou precisando. PARE e PENSE melhor! Vou te dar bons motivos para nunca jogar!
- Sabe o que acontece com quem se expõe aos jogos de recompensa? Eles são capazes de ativar de maneira muito profunda o nosso sistema dopaminérgico, ativando no nosso cérebro o sistema de recompensas, ou seja, os jogos são capazes de nos viciar muito rapidamente. Por oferecer uma combinação de possibilidade de recompensa fácil e imediata, faz com que o nosso cérebro se engage fortemente, considerando que o jogo é algo extremamente lucrativo e que este lucro seja acessível para qualquer pessoa.
- Já viu que eles chegam a oferecer crédito para as jogadas? Agora pensa comigo: Quem são as pessoas que oferecem amostras grátis de produtos e que também são muito viciantes? Começar a jogar é ultrapassar um limite delicado, é banhar o seu cérebro e corpo com uma super estimulação e que é muito difícil tomar o caminho de volta para deixar de jogar. Os jogos ativam circuitos neurais semelhantes aos que estão envolvidos com o uso de drogas.
- Mesmo quando o jogador “quase ganha” o seu cérebro interpreta como se fosse uma vitória. Cientistas descobriram que a liberação de neurotransmissores é semelhante entre a quase vitória e a vitória. Assim, a pessoa continua a jogar porque sente que a sorte pode chegar, e não se sente tão frustrado como quem perde.
- Os jogos são manipulados para darem ganhos limitados aos jogadores. Ao longo do tempo, embora um jogador possa ter algum ganho financeiro, vai continuar a jogar porque necessitará de sentir novamente a emoção de jogar e invariavelmente, perde mais dinheiro do que ganha, do contrário estes negócios não seriam extremamente lucrativos para estas empresas e para os influenciadores digitais que propagam esta maneira extremante vil de se aproveitar da necessidade financeira da maioria da população, que encontra nestes jogos a ilusão de algum ganho financeiro e acabam por ficar ainda mais pobres e endividados.
- Usar o argumento de: “Se tem problemas com jogos, não jogue! É totalmente incongruente porque qualquer pessoa pode desenvolver dependência por jogos, qualquer pessoa, e por isto, eu mesma não jogo. É um mecanismo de autopreservação, não se pôr a prova. Do mesmo modo que não experimentar drogas ilícitas é senso autopreservação.
- Pense agora no que é lícito, como o uso das redes sociais é viciante, como é difícil alguém que fuma tabaco, para deixar de fumar; como é difícil para quem está usando álcool de forma abusiva parar com este consumo. Nem tudo o que é lícito é bom e nem tudo é assim tão fácil de mantermos o controle. Se assim fosse, o termo “brain hot” ou na estranha tradução “cérebro podre”, que é o estado em que fica o cérebro das pessoas que estão usando as redes sociais sem ter autocontrole, não seria a expressão mais pesquisada na atualidade. Será assim, tão fácil controlar o desejo de jogar?
- A Facilidade de acesso ao jogo: por ser online, está disponível 24 horas por dia, na palma da mão, isto, torna ainda mais difícil de modificar o hábito de jogar, pois é mais complexo desassociar o hábito de usar o telefone, com o hábito de jogar mais uma partida.
Os hábitos são comportamentos automáticos e, estes comportamentos automáticos, se tornam mais fortes quando estão assossiados a outros hábitos.
Que os governos possam atuar neste sentido, atualizando a legislação vigente.
Que nós não entremos por estas portas das quais é muito difícil conseguir sair. Que as nossas escolhas sejam favoráveis para a consolidação da nossa saúde mental e financeira.
Mas, se já começou a jogar, tem algum amigo ou familiar que está com problemas com jogos, saiba que há tratamento psicológico e psiquiátrico para cuidar desta compulsão.
A banca sempre vence e, mesmo quando o jogador ganha alguma quantia em dinheiro, se fizer a avaliação entre as perdas e os ganhos, as perdas serão sempre muito mais significativas.
Livro que eu recomendo sobre a formação de hábitos: O poder do Hábito ( Charles Duhigg )
Pesquisa referida no texto: Clark L, Lawrence AJ, Astley-Jones F, Gray N. Gambling near-misses enhance motivation to gamble and recruit win-related brain circuitry. Neuron. 2009 Feb 12;61(3):481-90. doi: 10.1016/j.neuron.2008.12.031. PMID: 19217383; PMCID: PMC2658737.